sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Mulher interessante.

“Na ‘mulher interessante’, a beleza é secundária, irrelevante e, mesmo, indesejável. A beleza interessa nos primeiros quinze dias; e morre, em seguida, num insuportável tédio visual. Era preciso que alguém fosse, de mulher em mulher, anunciando: - Ser bonita não interessa. Seja interessante!"



- Nelson Rodrigues


segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A taxidermia do dia : momento empalhado com fins de eternidade



Naquele dia, levantei-me cedo. Mesmo após ter feito a noite durar até às quatro da madrugada.

Não importava, sentia uma corrente de disposição correndo pelo meu corpo com salpicos de ansiedade. Essa última nunca deixava meus batimentos em paz, tinha sempre que me lembrar
a razão de eu ter me levantado.
Às 10 da manhã tomei meu banho, lavando minha preguiça de vez.
A cada hora que passava meu objetivo se fazia mais definido em minha mente. Aquele nervosismo inerente a cada homem, que é cáustico e divertido, digno e iminente ao encontro com ela.
Sofreguidão. Essa é a palavra. Uma que tira o açúcar do sangue, nos faz pálidos e de cabeça pesada a carregar fardos de pensamento. De casa até o ponto de encontro levaram dois ônibus de demora e suas janelas somaram o maior conforto que tive durante todo o jovem dia, como bons ombros amigos.
Eram 16 horas e eu não tinha mais conduções para tomar. Estava cedo, o horário marcado piscava em minha mente. Eram vários os elementos de nervoso que não me deixavam esquecer das responsabilidades.
Fui até a casa de um amigo, um apartamento de onde podia-se ver a localidade. Naquele ambiente me senti mais leve, a gravidade que me castigou durante todo o dia, nesse momento me segurava. Os ombros de carne e osso me disseram que tudo iria correr bem e o tiroteio que exterminou as borboletas em meu estômago deu uma trégua.
Esse sentimento era anormal, rapidamente me tomou, me fez pulsar.
Perguntei: será? e as palavras de resposta foram nesse sentido:
Dará certo hoje, bem como amanhã. Uma resposta automática percorreu meu cérebro, desceu, tomou posse da língua e a pronunciou: duvido.
Premarei-me, assim mesmo, para ir. Estava quase na hora. Resolvi dar uma verificada num site de convivência, pois dias atrás recorri à opinião de melhor amiga, quase nunca falha. Ler aquilo foi como se eu tivesse crescido, ficado mais forte, a confiança chegou e minha mente duvidosa fez de si sua marionete.

A parte que importa

Sentia-me em casa. A livraria sempre foi um ambiente perfeito. Os estilos, gêneros, tipos de livros e pessoas se misturavam; todos haviam encontrado seus livros, o meu ainda estava por chegar.
Três minutos além do trato e ela chega. Seu sorriso. Seu cabelo. Seus pés. Suas roupas. Sua voz. Sua pele. Seu cheiro. A leitura fez-se saciada. A introversão era inconveniente, hora de ser eu.
Conversamos por um bom tempo, saímos da livraria em direção ao cinema e eu segurando meus impulsos de tocá-la.
Paguei os ingressos ignorando qualquer discórdia em relação ao dinheiro. Estava tudo ótimo. A conversa fluía como olhos percorriam linhas de um livro escritas com experiência e prazer. Não desejava fazer outra coisa, só estar ali, em sua companhia.
Deu a hora. A fila para entrar nas salas começava a se formar. Fomos um dos primeiros a entrar e ao nos sentarmos, minha tensão retornou.
O cinema é um lugar interessante. Mesmo depois da facada de ânsia que tomei ao entrar, sabia que era lá que as coisas aconteciam, a atmosfera do lugar é experiente em produzir relacionamentos. Flagrei-me pensando em como faria, mas resolvi deixar a natureza tomar conta.
Enquanto as propagandas passavam a conversa continuou, quando apagaram as luzes. De repente, todos se calaram e foi como se esperassem uma atitude de minha parte. Como para não decepcionar o público, me arrisquei.
Sua mão direita estava deitada sobre o braço da cadeira e brilhava com as luzes do filme que acabava de começar. Sua cabeça estava para frente, como se estivesse congelada por meu olhar. Ela sabia. Estava nervosa.
Mínimo, anelar, médio, indicador e polegar. Um de cada vez, inseguro, fui recolhend0-os para minha mão, enquanto buscava as alterações que o nervosismo havia produzido em sua face. Nada, absolutamente. Ela era uma estátua com uma de suas mãos em uma das minhas. Senti um estalo, um sinal que indica o momento certo de agir. Fui.
Estiquei-me de modo que meu rosto se alinhasse de frente para o dela. O mármore abriu um sorriso lindo. Me aproximei com o intuito de dizer nada, deixar a situação moldar os acontecimentos, porém, uma frase em voz fraca e rouca saiu: vem pra mim.
O beijo dissolveu tudo. Do nervosismo até as paredes do cinema. O escuro tornou-se um claro de paz atingida. Nada mais via, ouvia, sentia além dos sorrisos colados um no outro.
Foi doce, suave como o primeiro beijo na pessoa amada deve ser.

Por H. O.

sábado, 23 de janeiro de 2010

“Tenho aprendido com o tempo que a felicidade vibra na freqüência das coisas mais simples...”


Há momentos que ficam guardados na memória, sejam eles felizes ou tristes. Mas,hoje, quero falar de felicidade, daqueles momentos que a gente relembra antes de dormir, rezando para que ele se repita nos sonhos e para que nós nunca nos esqueçamos. Não esquecer nada, absolutamente nada; guardar o dia; o lugar, a roupa, o olhar, o riso, a fala, o gosto, o cheiro. Os momentos que nos enchem os olhos de emoção, somados aos sorrisos de alegria. Aquele sorriso bobo, impulsionado pela nostalgia. Aquele sorriso que você dá quando está voltando do trabalho e encosta a cabeça no vidro do ônibus e se lembra. Ou o sorriso de quando você se perde na leitura e, quando percebe, se vê com os pensamentos acima das nuvens.

Meus momentos favoritos são todos simples, mas por serem favoritos são envolvidos de uma importância sem tamanho.

São momentos doces, que confortam e alegram a vida que, às vezes, é tão difícil. São demonstrações de carinho, palavras de amor, abraços, beijos, sorrisos, conversas.

Tudo começou com um arrepio, quando duas mãos se encostaram pela primeira vez, - tão delicado. Àquele arrepio acompanhado da expectativa do primeiro beijo na pessoa amada. É bonito ver que aquele encontro cheio de expectativas e vontades, iniciou o que hoje é a relação de laços mais fortes que duas almas podem construir. Pensais que não quero esquecer o beijo, também, mas o que eu não quero esquecer, nunca, é esse arrepio.

Arrepio acompanhado de um descompasso no coração, com ritmo de samba antigo, samba que canta os amores de verdade. A verdadeira sensação de borboletas no estômago tive naquela noite. Aprendi naquela noite, a dar ouvidos ao meu coração, eu que sempre o deixei de lado e priorizei a razão. Dei chance ao amor.

Terminado o encontro, volto para casa com o brilho no olhar e o gosto doce na boca. Torcendo, torcendo muito para que ele tenha gostado tanto quanto eu. É aí que recebo uma mensagem: “Foi ótimo!”. Nessa noite eu fui dormir feliz, como eu nunca tinha ido.


sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

"A vida fica muito mais fácil se a gente sabe onde estão os beijos de que precisamos."

Nós dois juntos, sentados no chão, um ao lado do outro, em um final de tarde, vendo o sol sumir ao longe; só nós, mais ninguém por perto, onde o silêncio é quebrado por lágrimas e frases curtas. Frases que traduzem o maior desejo dos dois: serem felizes juntos. E seremos.



quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

"Quero demais, exijo demais...


...Há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que nem eu mesma compreendo.

Pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada.

Uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade; sei lá de quê!"


- Florbela Espanca



domingo, 17 de janeiro de 2010

"Escrever é fácil: você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca as idéias."


Já fui melhor para escrever, confesso. Já escrevi bem mais do que agora, confesso – de novo. Sou o que, atualmente, se pode chamar de “escritores que não escrevem”. Terceira confissão: não escrevo, pura e simplesmente, por preguiça. Nem sempre foi assim, já cheguei a escrever um livro, - não tão importante a ponto de ser publicado -, tarefa de escola, mas lembro-me que fiquei empolgada com a idéia de colocar uma história no papel, tão empolgada, que foi escrito à mão e até de madrugada. Então, é isso. Preguiça, acomodação. As idéias surgem, graças a Deus, elas não me abandonaram; aquilo que eu vejo/sinto/ouço/penso, muitas das vezes transformam-se em crônicas dentro da minha cabeça, um texto todo, que eu não passo para o papel.

Não acho que a escrita é uma tarefa tão simples, talvez seja para grandes escritores como Pablo Neruda (autor da frase título do meu texto). Para mim, - mera mortal -, requer prática e muita leitura. Não consigo ver a escrita separada do hábito de ler. “Quem não lê, mal ouve, mal fala, mal vê”. E poderia acrescentar que; quem não lê, mal escreve.

Este blog foi criado para eu exercitar minha escrita, transformar-me em uma escritora assídua. Mas, não serão somente textos meus, publicarei textos de autores que leio e admiro.

Bem vindos a todos!